undefined_peliplat

Precisamos falar sobre Nicolas Cage

Spoilers

Na história de Hollywood, já houve um ator mais dedicado? Seja rasgando a camisa em “Wogan” ou comendo uma barata viva, Cage mantém seus fãs alertas enquanto permanece fiel ao seu ofício. Ao contrário de Marlon Brando, um colega ex-ator do Método que começou a decepcionar em certo momento, Cage nunca deixou seu compromisso diminuir.

Nicolas Cage se tornou uma lenda em Hollywood. Conhecido por seu talento na atuação e uma personalidade única, é destaque em Tinseltown há anos.

O vencedor do Oscar nos agraciou com mais de 100 filmes, dos aclamados aos peculiares, mas, agora, está dando dicas sobre como mudar das telonas para o mundo do teatro e da TV. Sim, você leu certo.

A jornada de Cage no mundo do cinema foi uma aventura. Desde se inspirar em John Barrymore em O Médico e o Monstro até passar por uma transformação que é parte Mick Jagger, parte selvageria (sem efeitos especiais, apenas o corpo de Cage fazendo seu trabalho), ele nos proporcionou alguns momentos memoráveis. Os críticos compararam suas travessuras às de Jerry Lewis e fizeram referências à era de ouro do cinema mudo.

Entra Jim Carrey, outro cara conhecido por transformar seu corpo em uma tela para ângulos imprevisíveis. Mas é aqui que as coisas ficam interessantes: Cage quer nos alienar, chegando ao ponto de mastigar uma barata viva, enquanto Carrey serve ao público. Há um golpe sutil no arco da carreira de Carrey, que é como uma montanha-russa que puxa o público para perto e depois lhe dá um bom empurrão.

Vamos pular essa crítica implícita a Carrey e ampliar a menção à atuação em filmes mudos – isso coloca Cage em uma categoria à parte. Ele pode fazer toda aquela coisa de naturalismo sutil, mas encontra seu lugar quando está ultrapassando os limites – ele é como Johnny Depp, mas com um toque diferente. Depp fica para trás, comentando casualmente sobre seu desempenho, enquanto Cage arrisca tudo. Veja Motoqueiro Fantasma: Espírito de Vingança, por exemplo; você praticamente vê Cage tentando se transformar em um Looney Tune de live-action. “Cartunesco” não é uma crítica aqui, só uma declaração dos fatos. Cage está em uma categoria à parte, e estamos todos juntos nisso.

Um filme que devemos mencionar é Um Estranho Vampiro (1988). Acredite ou não, este indie de baixo orçamento é a chave para entender toda a obra de Cage. O ator tinha acabado de sair do sucesso de crítica e bilheteria de “Feitiço da Lua”, que não era o tipo de filme que queria fazer. Ele foi para a direção oposta com esta sátira social, encarnando um instável yuppie nova-iorquino que encontra um morcego em seu apartamento e se convence de que está se tornando um vampiro (O filme é uma referência clara a “Psicopata Americano” de Mary Harron, no qual o personagem de Christian Bale acredita que é um serial killer). Peter Loew, de Cage, é um personagem desprezível, tornado ainda mais alienante pelo sotaque falso e pomposo do ator e pelos incontáveis tiques; ainda assim, o ator consegue torná-lo agradável mesmo nos piores momentos.

Sua performance equivale a um ousado experimento expressionista – uma rejeição do chamado “realismo” que domina a atuação contemporânea. Cage canaliza a linguagem corporal exagerada e o estilo dos atores do cinema mudo (mais notavelmente Max Schreck em “Nosferatu”). Embora desde então tenha diminuído a tendência, isso explica a maneira como ele anda, inclina a cabeça e manipula as mãos em praticamente tudo o que fez. “‘Exagero’ é uma daquelas coisas que não funciona comigo, porque não acredito em tal coisa” – diz Cage – “Eu sinto que são apenas escolhas estilísticas, e foi obviamente uma escolha usar grandes gestos e ir além.” O mundo não entendeu na época, mas reveja e você encontrará as raízes de uma carreira gloriosamente exagerada.

Mais recentes
Mais populares

Sem comentários ainda,

faça o primeiro!

4
0
0