Depois de assistir Missão: Impossível - O Acerto Final por quase três horas no cinema, suspirei aliviada: "Finalmente acabou." Isso não significa que o oitavo filme da franquia seja entediante, mas essa foi minha reação imediata depois de ver Tom Cruise — protagonista e sinônimo de Missão: Impossível — realizar acrobacias que desafiam a morte, como despencar de grandes alturas até o chão.
Um espetáculo cinematográfico prolongado e a imagem heroica e invencível do agente Ethan Hunt me bombardearam na enorme tela IMAX. Embora eu tenha gostado da experiência surreal, também senti certa resistência. Como espectadora, já me cansei das mitologias de heróis há muito tempo. No entanto, devo admitir que o cinema serve como o cenário perfeito para criar espetáculos e ecoar mitos clássicos. Sem dúvida, fiquei encantada pela tensão meticulosamente elaborada do filme e prendi a respiração em todos os momentos certos, esperando que Ethan e sua equipe fizessem milagres e salvassem o mundo. Quando as luzes se acenderam, finalmente pude retornar à realidade — um mundo que pode até ser comum, mas nele não sou uma mera espectadora sob o feitiço do cinema — e voltar a ser uma pessoa racional.
Basicamente, O Acerto Final é um exemplo — talvez até perfeito — de blockbuster produzido para o cinema. É uma demonstração poderosa da arte de criar um mundo virtualmente real que envolve os espectadores por completo. A arte fez de Missão: Impossível uma das franquias de maior bilheteria de todos os tempos, e é por isso que mal pude acreditar quando proclamaram, em alto e bom som, que O Acerto Final seria o "final". Por que a Paramount desistiria de uma franquia tão lucrativa, com uma bilheteria global que já ultrapassa US$ 4 bilhões?
Tudo ficou claro depois de pesquisar um pouco mais: o "final" no título refere-se, na verdade, ao último filme centrado no personagem de Cruise. "É o final! Não chamaram de 'final' à toa", confirmou o ator. Mas isso não significa que a franquia tenha acabado. O motivo para promover O Acerto Final como "último" é simples: anunciar o encerramento de qualquer coisa costuma atrair um público maior aos cinemas.
De fato, essa estratégia parece estar funcionando. O Acerto Final já ultrapassou US$ 500 milhões em bilheteria global, com uma arrecadação na América do Norte de quase US$ 10 milhões a mais do que seu antecessor, Missão: Impossível - Acerto de Contas Parte Um, logo no final de semana de estreia. Isso mostra claramente que o público ainda sente um grande entusiasmo pela franquia.
Dado o imenso valor comercial de Missão: Impossível e a maneira como os estúdios de Hollywood operam, é improvável que a Paramount Pictures — dona da franquia — pare de investir no seu carro-chefe. Basta ver o que fizeram com Transformers. Apesar das constantes críticas à franquia, a Paramount insistiu nela, lançando o spin-off Bumblebee e sua sequência Transformers: O Despertar das Feras, mesmo depois de Transformers: O Último Cavaleiro ter recebido uma enxurrada de críticas acompanhada de um desempenho de bilheteria decepcionante. Agora que tanto o spin-off quanto a sequência tiveram boas críticas e retornos sólidos, como a Paramount pode simplesmente desistir de Missão: Impossível, que continua sendo lucrativa e considerada uma das melhores franquias de ação de todos os tempos?

Outro fator importante é a proposta de fusão entre a Skydance Media e a Paramount Global. Em 2023, após lidar com dívidas e competição de mercado, a National Amusements — empresa que controla a Paramount — começou a explorar opções de fusão e aquisição para a Paramount Global. Em 7 de julho de 2024, a Skydance Media e a Paramount Global anunciaram um acordo definitivo de fusão de US$ 8 bilhões, criando uma nova empresa chamada Paramount Skydance Corporation. A expectativa é que o acordo seja fechado no primeiro semestre deste ano, mas em maio de 2025 ele ainda estava sob análise da Comissão Federal de Comunicações dos Estados Unidos.
Como você deve saber, Acerto de Contas Parte Um e O Acerto Final enfrentaram sérios problemas de produção. O primeiro foi afetado pela pandemia de COVID-19 e o segundo foi adiado pela greve dos sindicatos de atores e roteiristas norte-americanos. Esses problemas causaram enormes atrasos e resultaram em orçamentos exorbitantes — Acerto de Contas Parte Um custou US$ 291 milhões e O Acerto Final teria custado entre US$ 300 e US$ 400 milhões. Sob tal pressão financeira, a Paramount talvez não tenha conseguido planejar detalhadamente o futuro da franquia. Entretanto, tudo pode mudar quando a fusão entre a Skydance e a Paramount for concluída, e Missão: Impossível com certeza será sua prioridade. Como eu já havia observado, nem a antiga Paramount Pictures nem a nova Paramount Skydance desistiriam facilmente do seu carro-chefe.
Além das razões comerciais, talvez possamos considerar a perspectiva narrativa para entender por que a franquia ainda tem futuro. Para ser sincera, não acho que precisamos nos preocupar com a forma como o próximo filme se conectará à história atual ou ajudará a conclui-la. Independentemente de como O Acerto Final termine, desde que sequências ou spin-offs sejam planejados, os roteiristas encontrarão maneiras de continuar a história. Vimos apenas exemplos em que as narrativas são divididas em várias partes para aumentar o lucro das bilheterias. Nenhuma sequência é feita apenas para encerrar a narrativa, já que, para filmes de gênero, a lucratividade constante é o verdadeiro motivo para continuar uma história. Dito isso, ainda me pergunto: será que a trama de Ilsa Faust ainda tem futuro?

Então, será que O Acerto Final é mesmo o "final" de Missão: Impossível? As chances são quase nulas. A questão principal não é se mais filmes serão feitos, mas como eles serão feitos. O foco da divulgação está diretamente na reverência final de Ethan Hunt. O maior desafio para o futuro será encontrar um novo herói (ou nova equipe) que possa continuar replicando a ousadia, o carisma e o apelo global de Cruise. A Paramount irá seguir o exemplo de James Bond e reformular Hunt? Ou irá criar personagens e spin-offs inteiramente novos? A resposta permanece incerta.
Mas de uma coisa eu tenho certeza: enquanto o público estiver disposto a pagar, Missão: Impossível está longe do fim. E quanto a Tom Cruise? Sua agenda já está lotada (incluindo seu próprio projeto de filme espacial), mas não vamos nos esquecer que Harrison Ford ainda estava interpretando Indiana Jones aos 80 anos. Nunca diga nunca, principalmente em Hollywood.
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