O Poder e a Lei: as diferenças entre o livro original e a série derivada


A série original da Netflix, O Poder e a Lei foi adaptada do livro O Veredicto de Chumbo de Michael Connelly. Por acaso, terminei de ler o livro pouco antes da estreia da série, por isso, assisti a todos os episódios de uma vez.

Então, quais são as diferenças entre o livro e a série?

Vou compartilhá-las com vocês!

Elenco

Devo dizer que o pior aspecto dessa série, na minha opinião, é a escolha para o personagem principal, interpretado por Manuel Garcia-Rulfo. O protagonista parece muito ingênuo, longe da imagem firme e incisiva que o autor pretendia retratar. Comparado a Matthew McConaughey, que atuou no papel principal da adaptação cinematográfica anterior, há uma diferença significativa entre os retratos. Além disso, a série parece ter modificado a parte em que o protagonista busca pistas cruciais, tornando-o passivo durante toda a história. Quer se trate dos clientes ou da acusação, ele sempre parece estar no lado receptor, aceitando as coisas em vez de tentar encontrar soluções e diminuindo assim a imagem de advogado que ele deveria ter. Claro, não tenho problemas com o ator, pois ele fez o melhor dentro das próprias restrições.

Por outro lado, a escolha de outros papéis coadjuvantes foi bem pensada, principalmente a interpretação de Becki Newton, que condiz exatamente com a imagem que imaginei na minha cabeça: loira estereotipada que na verdade é engraçada, ambiciosa, simpática e competente. Surpreendentemente, o personagem que realmente atrai o público é o promotor, Jeff Golantz, que interpreta o antagonista nas cenas do tribunal. A atuação dele exala senso de justiça e perspicácia (superando até o protagonista), e por meio desse personagem, a série retrata com maestria como ambos os lados, acusação e defesa, buscam a verdade no mesmo caso, enfatizando que as linhas entre o bem e o mal não são tão nítidas quanto parecem.


Configuração dos personagens


A série teve um problema significativo de direitos autorais, que impediu o aparecimento do Detetive Harry Bosch. Na obra original, não era o detetive afro-americano da série, mas o Detetive Harry Bosch de outra série que investiga a morte do advogado anterior; no entanto, nessa série, Bosch e o protagonista são meios-irmãos. Como consequência, grande parte da tensão original entre Bosch e Mickey foi reduzida. No livro original, o relacionamento deles passou de estranhos para parceiros duvidosos que acabaram unindo forças para resolver o caso, tornando sua interação ainda mais cativante.

Outra alteração tem a ver com o motorista do protagonista, que originalmente era um homem no livro, mas na série é uma mulher negra. Eu acho que funcionou bem, pois permitiu a apresentação de um contexto que não poderia ter sido exibido na trama de outra forma, e teria sido um pouco estranho se fosse um homem de meia-idade.


Enredo

Na minha opinião, a alteração mais crítica está relacionada à mudança no tempo do protagonista para confirmar as pistas cruciais. Não somente toda a série carece de um senso de segurança do protagonista, mas muitos dos motivos e processos de descoberta dessas pistas não se alinham de maneira lógica. Na realidade, tanto o caso quanto o processo de descobrir a verdade sobre o inimigo são fracos, prejudicando um pouco a imagem de detetive do protagonista. Em resumo, acho que a resolução do caso não é muito convincente.


Quanto aos antecedentes, motivos e métodos do assassino, a série os atualiza com sabedoria por meio de uma perspectiva moderna. É uma mudança que pareceu natural.

Além disso, o caso da primeira ex-esposa do protagonista é totalmente novo, assim como a história paralela em que ele procura uma testemunha em fuga. Esse enredo extra ajuda a explicar por que ele não consegue se reconciliar com a ex-esposa e adiciona um toque natural (embora possa levantar suspeitas sobre a quantidade desnecessária de episódios, mas não é algo muito evidente).


Conclusão


No geral, essa adaptação é uma das mais fiéis que vi nos últimos anos. A maioria dos livros de Connelly é sobre o Detetive Bosch, e o advogado, Mickey Haller, aparece apenas em dois livros específicos, enquanto outros servem apenas como contexto. Escrever críticas é algo raro para mim, mas O Veredicto de Chumbo superou todas as histórias do Detetive Harry Bosch de Connelly que já li, e esse personagem é genuinamente fascinante e perfeito para adaptações visuais.

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