Passei os últimos dias sozinha, menos de um mês depois do fim de um relacionamento difícil. Parece deprimente pra caramba, eu sei, mas agradeço ao cinema por Acompanhante Perfeita — ele basicamente me salvou. Depois que já tinha visto o clássico Abaixo o Amor, assisti ao lançamento que deve ter mudado a química do meu cérebro nestas últimas semanas. Então vocês, recém-solteiras amarguradas — e especialmente as maltratadas —, vou explicar por que precisam assistir Acompanhante Perfeita para ontem.
Vou dar alguns spoilers, mas não se preocupem, nada que eu escreva aqui chega perto da experiência de assisti-lo. O filme conta a história de Iris, uma linda jovem que está perdidamente apaixonada pelo namorado, Josh. Rapidamente percebemos que ele está longe de ser um namorado perfeito — há algo estranho, mas quem somos nós para julgar? Deve haver uma razão para alguém tão incrível quanto Iris amá-lo, né?
E aqui vai a primeira lição de Acompanhante Perfeita: confie nos seus instintos.
O relacionamento de Josh e Iris é uma mentira porque ela é uma acompanhante robô, e ele quer usá-la para assassinar um cara rico e fugir com o dinheiro. Quando Iris descobre o que ele fez e que planeja desativá-la, fica obviamente horrorizada — mas ela está programada para amá-lo tanto que nunca poderia machucá-lo. Não vou entrar em mais detalhes, mas podemos dizer que essa pequena restrição não impede que as coisas fiquem bem sangrentas — e muito rápido.

Você pode estar pensando que a razão pela qual Acompanhante Perfeita é tão catártico para mim é porque odeio homens e gosto de vê-los sofrendo. Não vou mentir: a fantasia de se vingar de pessoas manipuladoras e cruéis é definitivamente parte do apelo. Na verdade, eu gostei do filme porque me senti vista. Pode ser estranho ouvir que me identifico com Iris, uma robô sexual, de muitas maneiras, mas não ficaria surpresa se muitas mulheres dissessem o mesmo.
Em um ponto do filme, vemos Iris descobrir o que Josh havia escolhido para ela, e o que realmente me marcou foi o quanto ele subestimou a inteligência dela. Era horrível pensar nisso, até que me lembrei de tudo que meus antigos parceiros também escolheram por mim: religião, roupas, política e até mesmo preferências sexuais — coisas que parecem bobas aos olhos de alguns homens, não parte essencial da identidade de uma pessoa.
Algo ainda mais chocante é que comecei aos poucos a me identificar com a ideia de ser “programada” para amar alguém incondicionalmente, mesmo sem merecer. Quantas mulheres ouvem desde cedo que precisam perdoar e compreender? Ou que “ele é só um menino”? Pode não ser intencional, mas quando essa mensagem é martelada na sua cabeça pela sua família e pela sociedade desde o nascimento, rapidamente se transforma em um tipo de programação psicológica que te deixa vulnerável à exploração e ao abuso. No final, é tão deprimente quanto ser uma androide acompanhante.

Tudo isso pode ser aplicado a homens e pessoas não binárias também, é claro — é só um pouco mais comum culturalmente para mulheres. O que quero dizer é que, se vocês se sentiram incomodadas lendo tudo isso, vão assistir Acompanhante Perfeita. Não há melhor lembrete de que vocês são incríveis do jeito que são e que não precisam de ninguém que as trate com menos respeito do que merecem; vocês precisam ver uma jovem lutando por seu direito à humanidade e à identidade. Desde que assisti ao filme, me senti mais confiante e mais disposta a ser eu mesma do que nunca, da melhor maneira possível. Eu não tinha certeza de quem era depois do meu término, nem sabia realmente quem poderia ser, mas, graças a Acompanhante Perfeita, me lembrei que tenho que ser quem eu escolher.

Sei que ainda é cedo, mas posso dizer com certeza absoluta que Acompanhante Perfeita será um dos meus filmes favoritos deste ano. É perspicaz, interessante e, honestamente, explosivo. Se vocês se sentem abandonadas ou estão com os corações partidos, não consigo pensar em nada melhor para animá-las; e se estiverem bem, fico feliz por vocês. Mas também sei que vocês vão gostar dessa nova abordagem da clássica história de fúria feminina. De qualquer forma, aposto que será catártico imaginar como seria eliminar os babacas das suas vidas, e se me perguntarem, é isso que importa.
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