Demi Moore tem todo o direito de ficar com raiva

Demi Moore passou a temporada de premiações sendo simpática e demonstrando apenas gratidão por uma indústria que a havia descartado, mas que a recebeu novamente de braços abertos. Ela tinha tudo — a retomada de carreira, a atuação envolvente em A Substância, uma narrativa subestimada, o respeito da indústria —, mas quando anunciaram o nome de Mikey Madison, o choque em seu rosto foi inconfundível.

É claro que ela logo se recuperou. Anos em Hollywood te ensinam a disfarçar a decepção em tempo real. Quando Mikey subiu ao palco, Demi sorriu, bateu palmas e manteve a tradição sagrada do Oscar: quando seu concorrente ganha, você deve parecer genuinamente emocionado com isso. É uma regra tão antiga quanto a própria Academia. Mas não era preciso ser um especialista em linguagem corporal para ver que ela não estava totalmente entregue a essa emoção.

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E por que estaria? Todo mundo apostava que esse prêmio seria dela! Hollywood adora um retorno, e Demi tinha tudo o que faltava — um papel ousado, uma vitória em Cannes, uma narrativa da resiliência. Uma mulher de 62 anos desafiando uma indústria que descarta as atrizes a partir do momento em que começam a mostrar sinais de envelhecimento. Ela sobreviveu à humilhação da cultura dos tabloides, à zombaria de seus fracassos de bilheteria e ao apagamento de uma carreira que deveria ter sido diferente para voltar com força total!

Mas Hollywood também adora novidades, e Mikey Madison, aos 25 anos, representava o oposto de tudo que Demi teve que lutar contra. Uma novata, uma protagonista estreante, um talento que a indústria poderia moldar do zero. Essa é a reviravolta cruel — Demi perdeu para alguém que ainda não teve nem tempo de ficar cansada. É improvável que ela tenha outra chance. Era para ter sido agora, e a Academia decidiu ignorá-la.

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Vamos esclarecer uma coisa: não é que a vitória de Mikey não tenha sido merecida. Ela teve uma atuação fenomenal. Mas não se trata dela. Trata-se de como Demi Moore, uma mulher que passou pelos julgamentos de Hollywood, mas escapou com arranhões, recebeu mais uma vez a resposta: “Ainda não. Talvez nunca”. E o pior de tudo? Ela não pôde nem mostrar que isso a machucou.

As mulheres em Hollywood — especialmente as com mais de 50 anos — não podem demonstrar abertamente que estão irritadas. Se fizerem isso, serão chamadas de amargas, difíceis e ingratas. Se elas continuam com a fachada, são elogiadas de maneira condescendente por sua elegância, mesmo quando são discretamente deixadas de lado. Os homens podem perder um Oscar e brincar dizendo que estarão de volta no próximo ano. As mulheres precisam agir como se perder fosse tão bom quanto ganhar. Mas não é.

Portanto, espero que, em algum momento de tranquilidade, quando as câmeras não estiverem mais lá e a última taça de champanhe tiver sido retirada, Demi se permita ficar brava. Espero que ela sinta a raiva, frustração e injustiça de tudo isso. Porque ela merece. Porque... sinceramente? Nós também ficamos bravos por ela.

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