"Klaus": um conto de natal explorado com criatividade

Spoilers

Todos os anos, a época do Natal traz muitos filmes temáticos, e as cenas natalinas costumam enfeitar os episódios de séries norte-americanas. Em outras palavras, o "Natal" tem sido, até certo ponto, excessivamente explorado no cinema e na TV. No entanto, o recente filme de animação "Klaus" ainda recebeu muitos elogios. Desta vez, vamos nos aprofundar nesse conto emocionante.

(1) Enredo e personagens distintos

Só pelo título, "Klaus" sugere que o enredo irá inevitavelmente interligar várias tradições natalinas. Enquanto assistia ao filme, fiz uma lista com as tradições que apareceram — trenós, renas, chaminés…

Até certo ponto, "Klaus" é um desafio às origens das tradições natalinas. Se o filme consegue explicar essas origens com ideias inovadoras torna-se um fator crítico na avaliação da qualidade da obra. Depois de assisti-lo, pode-se dizer que a história não é apenas sobre conectar as tradições natalinas.

No início da história, a Royal Postal Academy chama a atenção. Em uma transição rápida, o protagonista despreocupado, um herdeiro rico, é enviado pelo pai (o chefe do grupo postal) para abrir uma agência dos correios em uma ilha remota. O aspecto peculiar dessa ilha reside no fato de os habitantes estarem divididos em duas famílias rivais. Dos idosos às crianças, eles nutrem ódio mútuo, chegando ao ponto de tocar uma campainha para sinalizar o início das batalhas no centro da cidade. Essa abertura intrigante já diferencia "Klaus" de outros filmes. Além disso, leva apenas 8 minutos para entrar na segunda parte, tornando o ritmo rápido e o enredo conciso.

Embora o segredo do Natal seja revelado pela perspectiva do protagonista, a história é equilibrada. À medida que avança a trama, o filme gira em torno do protagonista, que, para cumprir rapidamente a meta de entrega estabelecida pelo pai e retornar a uma vida de luxo, inventa maneiras inteligentes de incentivar as crianças a enviar cartas. Ele colabora com o homem mais velho, Klaus, para cumprir a tarefa de entregar brinquedos. Uma "lenda" aos poucos vai se formando nesse processo — escrever uma carta ao Papai Noel garante um presente. Enquanto isso, o protagonista passa por uma autotransformação. Em resumo, de maneira irônica, aquilo de que ele tenta desesperadamente escapar acaba sendo um generoso presente de felicidade.

"Klaus" apresenta uma rica variedade de personagens. Entre eles está um homem mais velho (Klaus) que fabrica muitos brinquedos e os distribui de boa vontade ao receber cartas de crianças. Há uma professora que, após sofrer torturas e pretender deixar o local, redescobre sua intenção original de educar as crianças. Além disso, várias crianças têm características coletivas de "querer presentes" e desejos e origens individuais. Os protagonistas são diversos e embora eles não tenham profundidade complexa, cada um possui características distintas. Além disso, no rápido desenvolvimento dos personagens, o filme agrega indiretamente muitas subtramas. Apesar de essas subtramas serem relativamente concisas, dentro do tempo de 90 minutos, elas contribuem significativamente para a riqueza da história.

(2) Discussão sobre "originalidade"

Apesar da alta pontuação desse filme, muitas discussões na Internet giram em torno do fato de "Klaus" ser genuinamente original. De maneira curiosa, alguns espectadores elogiam o filme e sentem que falta originalidade. Para abordar essa discussão, é necessário primeiro definir o "padrão de originalidade".

Se assistir a um filme é considerado um jogo de "você conta uma história e eu adivinho o final", julgar a "falta de originalidade" com base no fato de o enredo ser adivinhado corretamente pode ser muito rigoroso. Afinal, quando o pai ordena ao protagonista que estabeleça uma agência dos correios em uma ilha remota, as cenas do pai reencontrando o protagonista são inevitáveis. Quando o homem mais velho Klaus aparecer, certamente haverá uma trama para dar presentes e se tornar Papai Noel. Quando o protagonista entra na terra do conflito geracional, não é difícil adivinhar que ele trará mudanças para a cidade. Ao ver a professora, é fácil para os espectadores anteciparem sua transformação e ela se tornar o interesse amoroso da protagonista. Esses cenários são abundantes. Diante de inúmeros espectadores, o enredo de um filme é sempre facilmente adivinhado. Usar esse padrão para definir "falta de originalidade" parece excessivamente rigoroso.

Assim como assistir a uma apresentação de mágica sem decifrar as técnicas, assistir a um filme não serve apenas para adivinhar o final; pelo contrário, acredito que a "reconhecibilidade" pode determinar se um filme é original. Mesmo com coerência lógica, incorporando cenários de fundo reconhecíveis, reviravoltas na trama, representações de personagens, etc., é permitido que os espectadores se lembrem do filme, e isso por si só deveria ser suficiente para qualificá-lo como original.

Em primeiro lugar, a construção do mundo em "Klaus" é original, que gira em torno do cenário de "supremacia postal e glória dos trabalhadores dos correios", enquanto outro conjunto envolve a influência de duas famílias em conflito. Ambas as cosmovisões têm alta capacidade de reconhecimento, que podem coexistir, o que é um design interessante. Além disso, a adorável Sami, as interações entre vizinhos, o gentil professor e o velho Klaus, o protagonista despreocupado e o capitão — todos esses personagens apresentam reconhecimento, deixando uma impressão duradoura.

Em segundo lugar, além de revelar naturalmente "o segredo do Natal", o design mais distintivo é a força oposta. Quando o protagonista chega e realiza algumas ações, é fácil cair na situação de "você está bem e eu também", acompanhada da falta de tensão dramática. Identificar o inimigo é um dos aspectos mais desafiadores desse design. Em "Klaus", a criação da força oposta é inteligente. Embora ainda seja um antagonista comum, uma razão única é fornecida — prefere-se suspender a trégua e perturbar a paz estabelecida pelo protagonista para continuar a tradição e as batalhas em curso.

Esse motivo é bastante irônico. À primeira vista, parece ilógico, mas após uma análise cuidadosa, ocorrências semelhantes não são incomuns na realidade. A razão para tais eventos confusos reside principalmente em habitar uma zona de conforto. Em "Klaus", os líderes antagônicos têm estado em conflito perpétuo, e esse caos tornou-se uma parte regular da vida, constituindo sua zona de conforto psicológico. Quando a paz surge, ela perturba diretamente seu equilíbrio, empurrando-os para fora da zona de conforto psicológico. Para restaurar o equilíbrio na vida, esses líderes antagônicos agem contra o protagonista sem hesitação. Nessa perspectiva, o design da força oposta é lógico. Isso faz com que "Klaus" evite o cenário de um "bem para todos", acrescentando mais tensão dramática à história. Além disso, o design da força oposta no filme é reconhecível, tornando-o um aspecto genuinamente original.

É evidente que as representações dos personagens em "Klaus" são um tanto superficiais. Contudo, vamos lembrar que a duração real desse filme é de apenas 90 minutos, além de ser uma animação com tema natalino. Nesse breve período, "Klaus" conta uma história envolvente com um enredo significativo e a capacidade dos personagens que transmite o calor e o significado da data comemorativa. Considerando isso tudo, os retratos ligeiramente planos dos personagens tornam-se menos críticos. Em resumo, é um filme brilhante e original com tema natalino, além de uma reviravolta substancial e aclamação merecida.

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