Acompanhante Perfeita é um filme superestimado. Com uma aprovação de 94% da crítica e 89% do público no Rotten Tomatoes, percebo que minha opinião não representa a maioria. Em Peliplat, as lentes são mais realistas, com 7,4 estrelas, mas até essa nota parece alta demais. Estou surpreso em ver tantos elogios e os cinemas lotados, considerando que conta um diretor estreante e um elenco composto por atores relativamente novos na indústria. Para mim, a obra não tem um objetivo claro nem uma crítica social precisa ou cativante.
Aprendi recentemente que a atuação é uma das partes mais subjetivas de um filme. Às vezes, os atores que odeio são aqueles que os outros amam e vice-versa, então, não espero que você concorde com meus pontos de vista. Mas vou dizer o que penso. Por exemplo, a personagem Iris, interpretada por Sophie Thatcher, é rasa, monótona e desinteressante. Interpretar uma robô naturalmente envolve uma atuação estática, mas considerando o quão tecnicamente avançada ela deveria ser, a atriz poderia ter entregado uma interpretação com um pouco mais de vida e um pouco mais de singularidade na forma como ela apresenta os conflitos emocionais. Só porque você está interpretando uma robô não significa que você precisa entregar uma atuação robótica. Alicia Vikander, por exemplo, atuou melhor em Ex Machina: Instinto Artificial.

Jack Quaid deveria agradecer aos astros e às vantagens nepotistas que ele está tendo este ano por conseguir papéis de protagonista (ele também atuou em Novocaine - À Prova de Dor, que estreia no Brasil ainda este mês). Ele é completamente esquecível como o vilão principal, Josh. É uma caricatura típica do homem solteiro e moderno de quase trinta anos que é incel demais para realmente ter uma namorada. Harry Styles fez esse papel melhor em Não Se Preocupe, Querida. Analisando o elenco mais a fundo, Lukas Gage é sarado e bonito, e ele brilha quando precisa interpretar um assassino irracional e inexpressivo, provavelmente porque essa parte do papel não exigia nenhuma profundidade emocional (e Schwarzenegger fez isso melhor em O Exterminador do Futuro). Harvey Guillén fez o melhor que pôde para fornecer alívio cômico em Acompanhante Perfeita, mas a maioria das piadas não funcionou no cinema onde eu estava. Há algo muito bizarro em assistir a um filme que tenta ser engraçado, mas não faz o público rir em momento algum.

Já vi pessoas dizerem que é melhor assistir Acompanhante Perfeita sem saber nada sobre a história. Se eu tivesse feito isso, talvez teria gostado mais do primeiro ato do filme. Mas cometi o erro de assistir ao trailer. Por isso, eu sabia que Iris era uma namorada robô. Foi o que me fez querer assistir ao filme — pensei que a mistura de comédia e terror funcionaria bem para essa protagonista robótica. Porém, como assisti ao trailer antes, toda a mística do primeiro ato não fez diferença para mim. Existem muitos indícios sutis de que ela é uma robô, mas não descobrimos isso de maneira explícita até o final do primeiro ato. Nem preciso dizer que fiquei completamente entediado durante a primeira meia hora, enquanto esperava que a história ganhasse ritmo. Agora, você pode dizer que isso foi um problema meu por ter assistido ao trailer, mas eu discordo. A sinopse e o pôster deixam bem claro que ela é uma robô. Além disso, sem a promessa de ela ser uma robô, a história não existe, então, o que exatamente as pessoas estavam esperando desse filme? Eu assisto ao trailer de quase todos os filmes que vejo, e raramente isso afeta tanto minha experiência quanto aconteceu com Acompanhante Perfeita. Eu culpo o cineasta, que fez um ótimo trailer, mas também elaborou um primeiro ato que se baseia inteiramente na reviravolta de seu final — estragado para fazer as pessoas assistirem. Assim, Acompanhante Perfeita seria melhor se tivesse um primeiro ato mais rico, que não fosse apenas uma história de amor chata que dependesse inteiramente da primeira reviravolta.
Felizmente, as coisas melhoraram no segundo ato. Alinhado com o medo do cineasta moderno de perder a atenção do público, Acompanhante Perfeita mantém as reviravoltas constantes. A segunda reviravolta do filme não foi estragada pelo trailer e também não vou dar spoilers aqui. Posso apenas dizer que ela torna o filme muito mais envolvente e, quando foi revelada, finalmente comecei a acreditar no filme. Ver Iris tentando escapar dos sequestradores após perceber que é uma robô (as reviravoltas continuam!) é muito emocionante, mesmo que não seja tão memorável. Pelo menos eu estava envolvido pelo filme. É uma pena que Acompanhante Perfeita não soube concluir a história.
O terceiro ato é tão ruim quanto o primeiro, mas por razões totalmente diferentes. A esta altura, tudo está às claras. Iris sabe que é uma robô, Josh não está conseguindo o que quer e quase todos os outros já estão mortos. É nesse ato que as coisas começam a ficar filosóficas. Para mim, as colocações que o filme tenta fazer são confusas ou falsas. Ele tenta se tornar uma espécie de crítica sobre o feminismo e a masculinidade tóxica — mostrando como os homens apenas desejam controlar as mulheres, não amá-las, e que uma mulher de atitude é o maior medo de um homem. Embora isso possa estar alinhado com alguns ideais neofeministas, para mim, é duplamente ridículo porque discordo da ideia de que os homens só querem controlar as mulheres e, mais importante ainda, Iris não é uma mulher, mas uma robô feita para ser linda. Então, o filme traz à tona a polêmica dos direitos robóticos e como tratamos a inteligência artificial. Como o público deve ver Iris: mulher ou robô? Se é uma robô, por que eu deveria me importar se ela vive ou morre? Se ela é uma mulher, por que tenho que ver Josh obrigando-a a atirar na própria cabeça para depois jogá-la fora como uma boneca? Ou é uma das cenas de violência doméstica mais supérfluas que já vi ou é a lição de moral mais ridícula que poderia existir em 2025. Enquanto isso, temos outros robôs acompanhantes no filme que recuperam memórias perdidas que os machucaram a ponto de levá-los ao suicídio. Como devo reagir a isso? Devo simpatizar com esses seres conscientes ou devo rir da incapacidade de controlar suas emoções? Que m*rda de filme é esse?

"Mas e o casal gay? Eles se amavam de verdade e o relacionamento deles não entrava na filosofia feminista. O que você diz sobre isso?" Obrigado por me perguntarem, vozes da minha cabeça. Esse romance gay foi secundário em relação à história de Iris, e provavelmente serviu para mostrar que algumas pessoas realmente amam seus robôs, e não apenas os manipulam. No entanto, fico me perguntando se essa relação era tão autêntica como foi retratada. Sim, eles tiveram o diálogo mais comovente do filme, mas Eli (Gullién) foi realmente sincero ou estava se esforçando para manter Patrick (Gage) ao seu lado? O quanto alguém pode realmente amar um robô programado para atender aos seus mínimos desejos? No máximo, é como amar a si mesmo — o que eu defendo com unhas e dentes —, mas se você se amasse mesmo, precisaria de um robô para realizar seu desejo de amor recíproco? Não sei. Estou questionando tudo.
Quando os créditos finais chegaram, fiquei feliz principalmente porque o filme havia acabado, mas também confuso sobre qual mensagem Acompanhante Perfeita queria passar. Meu pensamento inicial foi de que os homens pensam com a cabeça de baixo e só veem as mulheres como troféus, não como companheiras da nossa existência deprimente e cheia de sofrimento. O filme retrata as mulheres como substituíveis e os homens como narcisistas controladores. De acordo com Acompanhante Perfeita, os homens só querem um espelho. Eles são tão egocêntricos que acreditam que compartilhar sua vida com outra pessoa é menos gratificante do que compartilhar essas experiências com uma versão melhor e mais atraente de si mesmos. Quanto mais penso nisso, considerando que o filme foi escrito e dirigido por um homem, mais vejo essa obra como performática para o feminismo. Não significa o que está dizendo; está apenas dizendo o que acha que você quer ouvir. Existe a subtrama do relacionamento gay, mas esse enredo literalmente morre no início do segundo ato. Parecia uma fachada projetada para esconder os elementos mais questionáveis da trama geral.

Acompanhante Perfeita me fez refletir sobre as mensagens dos filmes modernos e sobre quem poderia ser o público-alvo. Suponho que, se você acabou de terminar um relacionamento, é possível ter uma catarse. Para mim, parecia que desejava ser sobre o empoderamento feminino e promover a narrativa de que os homens héteros são maus, mas ter uma protagonista robô torna a mensagem pouco clara. Porém, preciso dar crédito ao filme por uma segunda reviravolta emocionante e um segundo ato envolvente.
Se você realmente quer uma comédia de terror e romance com um toque de ficção científica, Acompanhante Perfeita é uma opção aceitável, embora eu não possa dizer que tem minha total recomendação. Alguns podem até considerá-lo uma conquista inicial para os lançamentos de 2025. Para mim, foi uma grande decepção. Passou a imagem de um filme que deseja ser instigante, mas não tem nada real a dizer.
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