O Mr. Robot saiu das telas para a vida real (e não deve ser subestimado)

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Nascido e criado no seio da famosa “Meca do cinema”, a quente, radiante e elétrica Los Angeles, o ator que passou dez anos preso no mundo virtual decidiu sair da caverna para se afogar em outro inferno: o mundo real. Rami Malek, conhecido por interpretar o lendário Freddie Mercury no não tão lendário Bohemian Rhapsody, é, na verdade, mais identificado por seu papel como Elliot Alderson, ou melhor, o Mr. Robot, um gênio cibernético que pode fazer qualquer hacker do mundo de bobo em questão de segundos e que sofre de depressão clínica, transtorno dissociativo de personalidade e paranoia, entre outras patologias.

O papel de um nerd tenso que quer derrubar o sistema lhe caiu como uma luva e, vários anos após o final da série, a imagem brilhante de Malek começou a desaparecer lentamente do cenário cinematográfico. Um Oscar de Melhor Ator em 2018 e um papel decente como o vilão de Bond no final da era Daniel Craig ficaram para trás, mas as reviravoltas da vida lhe deram uma nova oportunidade: interpretar o Mr. Robot mais uma vez, embora não exatamente de maneira oficial. Na nova adaptação do romance homônimo de Robert Littell, o ator de raízes egípcias volta a fazer o que mais gosta: expressar-se nervosamente diante da câmera como se fosse um novato. Curiosamente, Operação Vingança é sobre isso. Mas com uma reviravolta.

Charles Heller é um nerd que trabalha no quinto subsolo da sede da CIA, conhecido como o “garoto que conserta computadores” no Departamento de Decodificação e Análise. O homem tímido olha para oito monitores enquanto desbloqueia possíveis comunicações infiltradas e se intromete na vida de outras pessoas a torto e a direito. Digamos que esteja espionando tudo o que fazemos, já que concedemos a ele o direito... digamos que seja assim. Ele tem uma vida bastante tranquila com sua esposa, Sarah, em uma casa aconchegante no meio do campo, e toda vez que ela pergunta se ele quer acompanhá-la em seus voos de trabalho, ele diz que não. Algo que pode parecer bastante comum, só que, infelizmente, o último não dele vem nos primeiros minutos...

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Dizer que a esposa do protagonista morre nos primeiros 15 minutos não é um spoiler por dois motivos: primeiro, porque isso é literalmente revelado na sinopse e nas prévias e, segundo, porque a morte dela acaba sendo o principal motor do protagonista. Malek interpreta o típico zé-ninguém que quer fazer justiça com as próprias mãos, mesmo sabendo que provavelmente sairá de mãos vazias. Não espere um anti-herói do nível de Denzel Washington, dando tapas e socos, porque não vai encontrar isso. Então, em que posição fica o nosso subestimado “justiceiro”?

Operação Vingança é um thriller de vingança incompleto — e há poucas coisas tão antigas e empolgantes quanto o sentimento de vingança, algo tão primitivo quanto necessário às vezes. No filme, também ouvimos um personagem dizer o clássico: “E o que você ganha se me matar? Você vai ficar no mesmo nível que eu”. Porém, para resumir, há uma linha tênue entre o desejo inevitável de querer matar os assassinos da esposa e o que ele acaba fazendo. Pessoalmente, me considero o tipo de pessoa que gosta de se esforçar ao máximo, ir com tudo, mas que também gosta de ver os outros se esforçando ao máximo. E quando me refiro à expressão “ir com tudo”, estou literalmente deixando de lado todo tipo de correção política e quaisquer outros filtros que não me permitam me sentir realizado com isso.

Para ser completamente honesto, se a mesma coisa acontecesse comigo como protagonista, eu não hesitaria em ir com tudo. Mas Malek interpreta um nerd que não é um assassino, e não sei o que eu realmente faria em seu lugar. Então, como você executa um plano para eliminar vários criminosos quando não tem nem um pouco de conhecimento sobre o assunto? Usando a maior porcentagem do cérebro. Depois de descobrir que os assassinos da esposa trabalham com vários dos membros de alto escalão da CIA em operações secretas (e bastante obscuras), Heller decide resolver o problema com as próprias mãos, mas não da maneira que estamos acostumados no cinema de vingança.

O personagem finge ser alguém, mas depois percebe que não é, e talvez essa seja a maior falha de Operação Vingança. Não sei se isso se deve ao roteiro, se está muito alinhado com o livro (que não li) ou se é uma combinação das duas fragilidades. A questão é que o novo filme do diretor James Hawes às vezes comete alguns erros grosseiros, mas depois se justifica com algumas surpresas. Eu diria que é mais uma espécie de “vingança cerebral”, na qual o protagonista toma decisões premeditadas antes de tomar as mais precipitadas. Tudo se encaixa muito lentamente na jornada desse anti-herói que, inicialmente (e depois de burlar a “inteligência” da CIA), decide viajar para Paris em busca da tão sonhada vingança, mas acaba percebendo que não é quem quer ser. Ele é o nerd da computação, e não há nada que possa mudar isso.

É a partir desse entendimento pessoal (e do nosso também) que o filme desencadeia uma caçada no melhor estilo mente criminosa com uma infinidade de recursos econômicos e narrativos em busca do que a trama exige, e é aí que o thriller se perde. O vilão acaba sendo redundante e talvez você não perceba a reviravolta chegando, mas isso não é motivo para dar muito mérito a um filme que será lembrado tanto quanto o que eu comi no dia 17 de fevereiro de 2004 ao meio-dia.


ONDE POSSO ASSISTIR? ‘The Amateur’ estreou nos cinemas em 10 de abril



Publicado em 14 DE ABRIL DE 2025, 13hs01 | UTC-GMT -3


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