"O Poderoso Chefão" - com quantas camadas se faz um clássico?

“O Poderoso Chefão” (1972), lançado no início da década de 70 para adoração imediata do público e crítica mundiais marcou o início de uma trilogia cujo sucesso estrondoso e conquistas cinematográficas ecoam até hoje, e assim há de permanecer. Baseada no romance homônimo do escritor Mario Puzo e dirigida pelo igualmente gigante Francis Ford Coppola, a saga conta a história da família Corleone, mafiosos de primeira classe que chegaram onde estão graças à figura central tanto da organização criminosa, quanto da família em si; o Don, uma espécie de “padrinho” que concede ~favorzinhos de todos os tipos.

Essa é a parte que já sabemos, certo? Até porque já estamos mais do que cientes dos elogios todos, e, como bons cinéfilos, mais ainda dos filmes. Mas vocês já pararam pra pensar em quantas pecinhas realmente foram encaixadas pra juntar o quebra-cabeça cinematográfico que há décadas apreciamos diante de nós, e por que ele ficou tão perfeito assim?

Pois bem. Por aqui temos algumas teorias a respeito- bora pensar, meu povo? Afinal, essa, sim, é uma oferta que vocês não podem recusar…

→ Afinal, quem é “O Poderoso Chefão"?

- A resposta lógica (e nossa preferida pessoal, verdade seja dita) para esta pergunta seria, é claro, Don Vito Corleone, o inconfundível Marlon Brando. Patriarca da família e mafioso casca-grossa e sem pedir licença, o Don original parece permanecer, mesmo após sua morte no primeiro filme, o único verdadeiro “poderoso chefão”.

- Acontece que se olharmos para a trilogia como um todo, são justamente a morte de Don Vito, a imediata introdução de seu filho, Michael (Al Pacino), como um personagem que tem como principal prioridade se manter separado dos “negócios” da família (apesar do amor e afeto que conserva por todos) e sua relutante, porém inevitável transformação de “filho certinho” a “sucessor de Don” que sugerem o contrário.

Pensem comigo, se o verdadeiro Don Corleone morre logo no primeiro filme, por que já recebemos outro logo de cara- e um sobre cujo caráter e a trajetória ao posto já sabemos tanto?

- Não bastasse isso, pensemos ainda no seguinte: na Parte II (1974), enquanto olhamos para o passado, vemos Don Michael Corleone expandir as operações da família para além de Nova York, até Las Vegas. Na Parte III (1990), observamos o Don tentar a missão de legitimar os negócios para além das fronteiras americanas, viajando para Cuba; ou seja, o poder do chefe cresce junto com os limites geográficos das atividades da família…

→ Histórias ‘de origem’

- Claro que a mais impactante e que vem à cabeça de imediato é, mais uma vez, a de como o jovem Vito Andolini se tornou o grande e temível Don Corleone. Uma das maiores belezas do segundo filme, como mencionamos acima, é que ao passo que Michael foca em conquistar mais (levando a trama para frente), o enredo do filme volta no tempo, e assim, acompanhamos toda a trajetória de Vito desde a cidadezinha de Corleone, na Sicília, que viria a ser tomada por seu sobrenome ao desembarcar em Nova York.

- Em Nova York, Vito Andolini se torna um Corleone, e, vivendo a dura vida dos imigrantes, é através desta mesma trajetória de entrada para o crime que entendemos a origem e ascensão da “família Corleone” enquanto máfia.

- Isso tudo, minha gente, sem esquecer do Don Michael Corleone, cuja “história de origem”, como especulamos, já vinha sendo montada desde o primeiro filme…

→ Histórias ‘de amadurecimento’

- Como apontamos, temos, no quesito individual, a jornada de Vito Andolini, sua transformação em Vito Corleone, e subsequente trajetória intercontinental a Don de uma família pra lá de estabelecida na máfia de Nova York.

- Como resultado, também individualmente, assistimos à ascensão de Don Michael; uma ‘trajetória de amadurecimento’ por si só em termos de tomar o posto de Don, e que não é tão distante assim da “jornada do herói”, queridinha de Hollywood. Ela acontece principalmente no primeiro filme, mas se desenvolve com certeza ao longo da trilogia…

-…Porque ao longo da trilogia, não só Michael amadurece enquanto Don, mas assim também o fazem os negócios da família. Como comentamos acima, a cada filme, o novo Don expande os limites de seus negócios, sua influência, e seu poder. O que começou como uma cidade, Nova York, dá lugar a um país, ao tomar Las Vegas; e uma vez que essa base já foi estabelecida, hora de crescer para fora do país: Cuba, o terceiro filme.

Pois então, galera, muitas são as ‘conversas’ que estão aí rolando (não tão) por baixo dos panos, ainda que bem na frente das lentes, pra gente escutar, e esses são só alguns pontos e teorias rapidinhos pra se pensar- caso vocês também queiram sair ~Coppolizando~ as artes todas por aí, né.

Fora isso aí, é isso aí! Mais teorias, observações, e dissertações são bem-vindas! Vale tudo na caixinha de comentários!