Em 1878 Eadweard Muybridge (1830 - 1904) conseguiu produzir uma série de imagens em movimento, usando um rapaz em um cavalo a galope, você sabe quem era esse rapaz encima do cavalo ?
Provavelmente não, e é por isso que o diretor Jordan Peele (Corra) usa como base para narrar mais uma das suas obras de horror moderno, com um roteiro bem misterioso mas, bem reflexivo também.
Em Não, Não Olhe! (2022) acompanhamos a história de uma família treinadora de cavalos que oferece seus serviços para a indústria de Hollywood, logo no início da trama algo misterioso acontece dando a motivação de saber como aconteceu tal ato.
Me impressiona como Peele consegue pensar nos míninos dos mínimos detalhes nas suas obras, seja como for em falas, sons ou imagens, ela sempre voltar ou você acaba relembrando em algum momento, isso torna seu roteiro em ouro pois não temos pontas soltas. Considerado um gênio desde seu primeiro trabalho como diretor e roteirista, é meio que impossível dizer que ele não sabe o que faz, Peele com certeza criou uma história diferente pois em nenhum momento nesse terror seus personagens tem o instinto de sobreviver, e sim de conquistar alguma coisa.
Os Haywood são o coração do filme, assim como qualquer outra família eles tem seus problemas e suas diferenças, me encanta como o elenco foi escolhido a dedo, Daniel Kaluuya (Pantera Negra) que já trabalhou com Jordan Peele em Corra (2017), prova como é um ator digno de aplausos, seu personagem tímido, sem jeito, cabisbaixo mostra como o ator não só demostra com falar e gestos mas, também com seu corpo, sua postura é fechada para o mundo e com o passar da trama isso evolui de uma forma triunfal.
E o que falar sobre a Keke Palmer (As golpistas) que roubou praticamente todas cenas em que estava presente, sua personagem é carismática, positiva e cheia de vontade de ganhar o mundo. O que nós faz querer logo se empatizar por ela, temos uma série de emoções rolando durante a história e a personagem da Palmer nos mostra a bravura que está dentro dela.
Dando espaço para os personagens como do Steven Yeun (Minari), que teve uma introdução como coadjuvante, mas sua apresentação o colocou como uma das estrelas. Seu personagem vive uma história diferente, após causas acidentais, que nos trazem sentimentos de dó e angústia.
Brandon perea (The OA) interpreta, o que podemos chamar, de alívio cômico, mas como dizer isso em um filme do Jordan Peele já que mesmo sendo de um gênero terror ele ainda tem ar cômico e sarcástico, mas mesmo estando nessa bagunça, seu personagem oferece serviços em uma gama de sentimentos descartáveis em meio as circunstâncias.
Michael wincott ( Westworld) nos traz um personagem com uma performance de ser único e capaz de ajudar os Haywood, seu personagem é a cópia de um profissional que se nomea autoritário em suas habilidades seja elas como for.
Suas partes técnicas como a trilha sonora de Michael Abels que já trabalhou com Peele, nós deixa no clima de tensão, pavor e empolgação. Sem falar das faixas músicas que nós mostra as homenagens que Jordan Peele deixa solta, mas que são bem aproveitadas no desenrolar da trama. Seus efeitos sonoros são ricos demais no decorrer da história, nos dando até vontade de prestar mais atenção nos sons de fundo, que acabam nos instigando para saber o que séria.
A fotografia funciona perfeitamente e claramente na passagem de dia e noite, Hoyte Van Hoytema (Tenet) teve o que podemos dizer, uma tarefa onde conseguir mostrar negros durante a noite sem que fosse absurdamente desfocado, em uma fotografia clara em seu cenário mesmo com seu ângulo fechado, e ele conseguiu no ponto certo com o brilho no rosto. Destaco detalhes também sobre as estrelas, parece mais brilhantes em seu campo aberto o que nos deixa atento e fascinado pelo visual do campo.
A direção de Jordan Peele é espetacular, ele não disse atoa quando recomendou fortemente que todos deveriam vê esse filme em uma sala de cinema, e a razão está lá, é a direção do Peele que nos mostra o quão espetacular ficou esse resultado. Campos abertos, sol sobre nossas cabeças, ar puro, uma aventura a ser desvendada e algo com o que devemos refletir sobre a importância de cada um nessa indústria tão sufocante. Temos cenas horripilantes de boas acontecendo onde uma casa se torna o centra do horror e a gente simplesmente abrindo o sorriso, com a angústia bem do nosso lado e uma ótima cena as claras em uma corrida de tirar o fôlego de qualquer um.
Por fim Não, Não Olhe! É uma experiência que deve ser vivida em sala de cinema, sentimentos vieram e foram durante a sessão, um vínculo entre os personagens e a determinação de conseguir seu objetivo foi criado, posso dizer foi uma das minhas melhores experiências que tive esse ano no cinema e que sem dúvidas o público geral também vai ter essa sensação.
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