Não é novidade, mas quando eu achava que não poderia piorar, descobri que algumas pessoas já ultrapassaram o fundo do poço — e estão chegando nas profundezas do inferno. Há anos, muitos reclamam dos remakes sem sentido em formato de live-action, especialmente aqueles vindos da Disney: A Bela e a Fera, Mulan, Aladdin, O Rei Leão... Cruella é uma prova de que pode funcionar SE realmente houver um esforço criativo para contar uma nova história. Pena que a criatividade parece ser considerada fora de moda atualmente.
Se você não acredita em mim, é só olhar o live-action de Como Treinar o Seu Dragão, um dos próximos remakes que vem por aí.
Para ser justa, Como Treinar o Seu Dragão não parece ser o único que está fazendo o mínimo esforço: o live-action de Moana é conceitualmente horrível, e duvido que o de Lilo & Stitch vá me impressionar. Mas como o conteúdo desses dois ainda é escasso — Lilo & Stitch só tem um pequeno teaser e Moana, fotos vazadas do set —, Como Treinar o Seu Dragão infelizmente terá que aguentar o peso da minha ira hoje.
Eu coloquei o link do teaser acima, e se você ainda não assistiu, deveria. Mas não precisa: imagine um remake cena por cena do filme original; o diálogo é o mesmo e os protagonistas parecem ter sido escalados puramente por sua semelhança com as versões animadas. Para ser justa com os produtores (que não merecem), a atriz que interpreta Astrid, Nico Parker, é mestiça na adaptação. Mas, para ser ainda mais justa com o conceito básico de criação artística, só mudar a aparência de uma personagem não conta como criatividade.

A única esperança que eu tinha para o filme era Banguela — como o traduziriam para o live-action? No mínimo, seu desenho deveria oferecer algo novo que pudesse, talvez, ser uma leve justificativa para a existência do filme... certo? Errado! Banguela parece uma cópia ao pé da letra do original — e não me surpreenderia se as cenas do live-action fossem todas idênticas às da animação. É um nível inimaginável de preguiça; é como se Dwayne Johnson fosse escalado para interpretar o Maui no live-action de Moana... ah, espera, ele foi. 🙄
A criatividade está realmente morta, morta por seu maior inimigo: o capitalismo. Afinal, pagar novos roteiristas e artistas é TÃO caro! Pequenas empresas insignificantes como a Disney e a DreamWorks não conseguem bancar animações... ou roteiros... ou qualquer outra coisa substancial. Além disso, pense em quantos bichinhos de pelúcia teriam que ser redesenhados, quantas vozes de bonecos teriam que ser regravadas! É muito egoísmo da nossa parte pedir deles algo tão extremo quanto originalidade. Eles não têm orçamento disponível depois de perder tanto dinheiro com todos os seus outros live-actions fracassados.

O que mais me chateia é que os filmes que estão sendo refeitos foram lançados quando eu era jovem, e desde a última vez que chequei, eu ainda sou jovem. Assisti ao primeiro Como Treinar o Seu Dragão quando tinha doze anos e eles querem que eu assista outro aos vinte e sete? Com Moana é ainda pior: saiu quando eu tinha dezoito! Não importa o quão previsível o novo Lilo & Stitch vai ser, pelo menos o original é quase tão velho quanto eu. Por que esperar um renascimento quando podemos consumir algo meia-boca, né?
Sabe-se lá o que teremos a seguir — talvez vejamos Barbie e Oppenheimer animados em 2026. Acho que quando todo mundo sente que o futuro é só desgraça e tristeza, a nostalgia vira um comércio. É uma fome que só piora quanto mais você a alimenta; é uma grande vaca leiteira! Minha única questão é: quantas vezes é possível exibir o mesmo lixo antes que as pessoas o achem sem graça e ele apodreça? Só espero que esse dia chegue antes que todos se esqueçam que a nostalgia não vem das produções em si, mas das ideias criativas e únicas que apresentavam.

Normalmente, gosto de terminar artigos deprimentes com algum tipo de incentivo ou uma sugestão de como causar uma mudança real. Mas alguém realmente consegue fazer isso? Talvez eu esteja me sentindo muito pessimista ultimamente, mas nenhuma pessoa inteligente consegue lutar sozinha contra as massas — e se estão assistindo a esses remakes, tenho certeza de que não são tão inteligentes assim. Apoie um criador independente, ou pelo menos não assista a filmes que não têm razão para existir; eles provavelmente serão feitos de qualquer jeito, mas você vai ficar com a consciência limpa sabendo que não os incentivou.