Alien: Romulus — dê aos fãs o que eles querem e mais um pouco

A franquia Alien teve um caminho difícil nas últimas duas décadas. Seja nas tentativas de cruzamento com a franquia Predador nos filmes AVP (Alien vs Predador) ou nas tentativas de Ridley Scott de criar uma história de origem em Prometheus e Alien: Covenant, nenhum desses empreendimentos obteve sucesso comercial significativo. No entanto, o 20th Century Studios e a empresa que o controla, a Disney, parecem determinados a não deixar essa série de filmes, que já foi muito lucrativa, morrer.

Como resultado, sete anos depois de Alien: Covenant, temos uma novidade na série, Alien: Romulus. Dirigido por Fede Alvarez, conhecido por O Homem nas Trevas e pelo remake de A Morte do Demônio, esse filme se afasta do tom obscuro presente no anterior, optando por uma homenagem intensa ao Alien original dirigido por Scott e sua sequência por James Cameron. O resultado é quase perfeito para os fãs da franquia: Alien: Romulus proporciona medo de uma forma que atende e supera as expectativas, reacendendo o terror que o original de Ridley Scott provocou no público.

Uma franquia revigorada

Desde o lançamento de Alien A Ressurreição, a franquia Alien se perdeu um pouco. Os filmes AVP: Alien vs. Predador e AVPR: Alien vs. Predador 2 foram empreendimentos puramente comerciais voltados para o fan service, mas não conseguiram conquistar o público. Esses filmes diminuíram a mística dos Xenomorfos, e os transformou em meras figuras em exibição, em vez de criaturas aterrorizantes como eram antes.

Talvez em uma tentativa de distanciar a franquia do impacto negativo desses spin-offs, os esforços de Ridley Scott para fazer novas versões com Prometheus e sua sequência Alien: Covenant se basearam fortemente em reflexões filosóficas, se afastando das emoções viscerais que o público desejava. É difícil culpar Scott, pois ele foi basicamente pressionado pelo estúdio a fazer Alien: Covenant, com a 20th Century Studios aparentemente determinada a extrair mais um ovo de ouro de seu ninho bem estabelecido. Depois disso, aos 77 anos de idade, Scott recrutou o jovem diretor Fede Alvarez para assumir o desafio.

A vantagem de Alvarez como diretor está em seu papel como um artesão de Hollywood totalmente comprometido. Ele não tem uma obsessão enraizada com a profundidade filosófica da franquia, permitindo que se concentre em satisfazer o desejo do público por emoções sensoriais. Além disso, o talento de Alvarez para dirigir novas versões de franquias estabelecidas o torna uma escolha confiável: ele relançou com sucesso Um Drink no Inferno para a TV, escreveu a sequência de O Massacre da Serra Elétrica e dirigiu o remake de A Morte do Demônio, que arrecadou quase US$ 100 milhões no mundo inteiro com um orçamento de apenas US$ 17 milhões. Scott e a 20th Century Studios provavelmente se sentiram confiantes ao colocar a franquia em suas mãos.

“Dê ao público o que eles querem” com um toque de loucura

Alvarez não mede esforços para oferecer fan service. Alien: Romulus acontece entre os dois primeiros filmes de Alien, usando muito de seus elementos; até mesmo a estrutura da história se assemelha a do Alien original.

Em um plano mais detalhado, é possível perceber que Alvarez enche o filme de easter eggs familiares aos fãs de longa data. Ele revive o icônico androide Ash do primeiro filme Alien, embora com um novo nome, Rook. Ele revisita o conceito de híbridos genéticos Alien/humanos de Alien: Ressurreição, e a criatura final que nasce desse embrião híbrido tem uma semelhança impressionante com os engenheiros de Prometheus. Alvarez também reutiliza muitas falas clássicas de filmes anteriores da série, especialmente a famosa frase de Ripley “Get away from her, you bitch!” (Se afasta dela, seu cretino!) de Aliens: O Resgate. Se você está indo ao cinema em busca de uma dose de nostalgia, Alien: Romulus não irá decepcionar.

Outra surpresa agradável em Alien: Romulus é o design de produção e os efeitos especiais, que parecem incrivelmente orgânicos. Alvarez evita os efeitos CGI excessivamente saturados que se tornaram comuns e muitas vezes parecem falsos, optando por efeitos e cenários práticos. Os interiores das naves espaciais foram construídos em um estúdio físico, e os Facehuggers e Xenomorfos foram trazidos à vida usando efeitos práticos, com o CGI sendo usado apenas como uma ferramenta complementar. Essa abordagem aumenta inegavelmente a credibilidade física do filme, atraindo mais ainda o público para dentro de seu mundo. Para um exemplo contrastante, basta olhar para Furiosa: Uma Saga Mad Max, em que o CGI meio plastificado prejudicou significativamente a imersão do público — provavelmente um fator que contribuiu para a queda nas bilheterias.

O elenco é outra chave para o sucesso de Alien: Romulus. Cailee Spaeny, que já nos impressionou em Priscilla e Guerra Civil, prova seu valor como uma ótima heroína de ação ao interpretar a protagonista, Rain. Com apenas 26 anos, Spaeny mostra que tem o físico e o espírito para dar continuidade ao legado de Sigourney Weaver.

Em termos de sustos, Alvarez é um mestre. Alien: Romulus pode se basear muito em jump scares, mas a capacidade de Alvarez de criar tensão torna cada um deles excepcionalmente eficaz. O terceiro ato do filme entra em território sem sentido, levando o clímax a um reino de tormento psicológico para o público. Quando você pensa que o caos diminuiu e que o fim está próximo, a situação se transforma em algo ainda mais surreal e estranho.

Nesse aspecto, Alien: Romulus atinge com sucesso as raízes do apelo da franquia. Quando um monstro cinematográfico se torna excessivamente familiar e perde sua capacidade de assustar, como é possível reacender o medo que um dia ele inspirou? A única maneira é por meio de uma combinação de criatividade e um toque de loucura. Embora Alvarez seja um diretor de estúdio obediente, ele claramente tem um pouco de loucura dentro de si. Em Alien: Romulus, ele consegue equilibrar o emprego dessas qualidades com habilidade. Como um filme destinado a revitalizar a franquia, Alien: Romulus atinge seu objetivo de forma brilhante.