Olá, Peliplaters!
Estava animado para compartilhar com vocês minhas opiniões sobre Alien: Romulus há semanas. Sempre fui fascinado pela franquia Alien, e Romulus reacendeu minha paixão pela ficção científica como uma tocha olímpica. Eu estava tão empolgado que nem sabia por onde começar.
Alien é uma grande propriedade intelectual (PI), com cada filme da série sendo cuidadosamente criado por diretores incrivelmente talentosos e suas equipes artísticas. Em outras palavras, cada sequência de Alien tem sua singularidade, graças aos esforços dos criadores. Eu estava preocupado que meu entusiasmo pudesse distorcer minha análise, então decidi reassistir a franquia toda de Alien e ler o livro Alien: The Archive de Mark Salisbury para organizar melhor meus pensamentos.
É assustador, mas incrivelmente elegante.

Se tivéssemos que dissecar o Xenomorfo, separando seu corpo em pedaços, ele perderia muito do seu terror, talvez até se tornasse comum. Afinal, cada parte de seu corpo é familiar para nós. Mas acho que todo fã devotado de Alien se irritaria com esse comentário: “Ele não é apenas um ‘inseto’ feito com tubos de metal?”. Eu normalmente vejo esses comentários como um mecanismo de defesa — o medo do Xenomorfo sobrecarrega suas capacidades mentais, então eles recorrem à racionalidade para acalmar suas mentes.
Se não dissecarmos racionalmente o Xenomorfo, podemos apreciar seu fascínio como um todo. Embora cada componente individual seja familiar, quando reunidos, eles formam uma criatura que não podemos compreender totalmente. Além disso, ele não é chocantemente estranho ou “sinistro”, mas sim plausível, como se tal ser pudesse realmente ter evoluído a partir de uma única célula, como qualquer outro organismo — um surgimento que nossa Terra parece ter perdido.
O design incorpora uma carnificina pura. Qualquer outra criatura imaginária comparada a essa obra-prima pareceria um mero brinquedo para a diversão humana.
Alien – O 8º Passageiro estreou em 1979, uma era antes da minha existência. Eu tenho dificuldade em imaginar a mentalidade dos pioneiros que o criaram. Vergonhosamente, o primeiro vislumbre do Xenomorfo não foi na série original, mas em cenas fragmentas de Alien vs. Predador. Quando criança, fui cativado pelas cenas de luta entre o Predador e o Xenomorfo. Para crianças, a questão mais importante é qual personagem é mais forte. E mais vergonhosamente ainda, o primeiro filme que assisti da franquia Alien não foi o filme original, mas sim Aliens: O Resgate, que acreditei ser o primeiro filme. Na época, era um jovem empolgado, profundamente influenciado pelo movimento dos direitos iguais (ainda sou, mas um pouco mais moderado), e prestei mais atenção na personagem Ripley.
Sem dúvida, Aliens é excelente. A criatura alienígena não é o ponto central do filme, mas um personagem coadjuvante para a representação de Ripley como uma mulher guerreira. Embora Cameron tenha enriquecido a PI de Alien, com o design da Rainha, por exemplo, muitas de suas ideias serviram ao enredo principal da “Aventura de Ripley” em vez do personagem alienígena em si. Fundamentalmente, o Xenomorfos em Aliens não são muito diferentes dos antagonistas principais em outros épicos de heróis. Eles têm seus momentos de glória, mas seu reinado está destinado a terminar. Não importa quão assustadoramente eles sejam retratados, quando são derrotados pela(o) protagonista, o medo do público se transforma em esperança.
Mas Ripley também não derrotou os Xenomorfos no Alien original? Sim, ela derrotou. Porém, quando finalmente expulsa a criatura da nave, o que eu mais senti foi o alívio de uma fuga por um triz e não a euforia da vitória.
Eu só assisti a Alien ano passado, então sinto uma pontada de vergonha sempre que afirmo ser um fã devotado da franquia Alien. Embora eu tenha assistido no meu computador com fones de ouvido, devo admitir que, às vezes, fiquei paralisado na cadeira, incapaz de me mover. Eu me vi rezando silenciosamente para que aqueles pobres tripulantes escapassem das garras do Xenomorfo, só para que eu pudesse respirar de novo.
“Eu o subestimei antes”, pensei comigo.

A cena acima é uma das cenas de terror mais clássicas de Alien. Kane inesperadamente colapsa na mesa de jantar onde a equipe está comendo junto e começa a ter convulsões violentas. Ele não apenas parecer estar agonizando, mas também perde completamente o controle de seu corpo, a ponto de até mesmo vários adultos não conseguirem conter o tremor.
Quem poderia ter previsto o destino de Kane?
Enquanto público atual, certamente podemos prever sua morte. Porém, para o público da época, uma cena assim não tinha precedentes. Normalmente, eles só viam pessoas caindo de repente no chão, convulsionando e perdendo o controle de seus corpos em filmes relacionados a temas de exorcismo. Porém, não há elementos religiosos nessa cena, apenas o café da manhã e os utensílios de mesa mais comuns. Quando o Chestburster explode do peito de Kane, gritando coberto de sangue, essa cena de nascimento que de outra forma seria comum, tornar-se o inferno na Terra; mais assustador do que o próprio inferno.
Afinal, demônios não explodem do peito das pessoas.
A estratégia de elenco de Scott em Alien também foi muito elogiada pelos fãs. As reclamações da tripulação sobre sua vida no espaço e a política de bônus da empresa fazem com que eles se pareçam com as pessoas comuns da realidade. Eles não são uma equipe bem treinada de exploração espacial, nem mesmo fazem parte dos astronautas da NASA que tem que passar por rigorosos testes para se qualificar. Eles são mais como “caminhoneiros espaciais da classe operária” que você e eu poderíamos interpretar. O público pode se identificar com eles, imaginando a vida em uma nave espacial a partir da perspectiva deles e tendo empatia com eles, em vez de admirá-los à distância.
No geral, assistir a Alien é como abrir uma fissura em nossas vidas comuns. Essa fissura não apenas nos conduz ao espaço sideral, mas também nos permite testemunhar outros seres além da imaginação. Se Scott nos mostrou como essa criatura é assustadora, então Cameron nos levou a travar uma guerra contra ela.
Mais Aliens, menos Alien

Já que é uma guerra, não estamos enfrentando apenas um inimigo, mas vários.
Agora que estamos chamando isso de guerra, ela não pode ser unilateral. Na imagem acima, podemos ver claramente a estratégia de elenco adotada por Cameron, bem diferente da de Scott. Em Aliens, os personagens principais não são mais caminhoneiros espaciais, mas soldados da Marinha. Além de seus penteados e uniformes, eles também compartilham muitas semelhanças com membros de gangues. No entanto, as semelhanças são o aspecto mais importante. O que é realmente significativo é que essa imagem pode convencer o público de que eles estão longe de ser os mocinhos. Eles parecem durões o suficiente para destruir todos os inimigos tão poderosos quanto os alienígenas.
A decisão de Cameron foi, sem dúvida, correta. Assim como vendedores de serras elétricas e televisores tiveram que se esforçar muito para convencer os consumidores a confiarem novamente em seus produtos após O Massacre da Serra Elétrica e O Chamado, o público que ficou muito assustado com Alien também precisava urgentemente confiar que os humanos poderiam derrotar os alienígenas. Quando Ripley usa um lança-chamas para queimar os ovos da Rainha, a cena infernal criada por Scott nos filmes anteriores é completamente apagada da memória do público; agora, o mundo humano se tornou um inferno para os alienígenas.
Aliens permite que o público testemunhe a grandeza da maternidade humana. Porém, embora estabeleça a imagem heroica de Ripley no coração do público, ele também faz uma transição irreversível de Alien de um filme de terror para um filme de ação. Caças espaciais, veículos blindados, armadura de exoesqueleto — esses são todos elementos emocionantes. Em outras palavras, Aliens é um filme de terror mais para os próprios alienígenas.
Alguns fãs acreditam que o primeiro filme da franquia Alien é o mais clássico de todos, enquanto outros pensam que a parte 2 é a melhor. Acho que isso depende mais do fato de você gostar mais do Xenomorfo ou da Ripley, e se você prefere os elementos de ficção científica ou de terror na franquia Alien.
Para mim, é difícil classificar as sequências de Alien como boas ou ruins. A ambição da Brandywine Productions, que detém a propriedade intelectual de Alien, é criar todo um universo independente de ficção científica. Ter diretores diferentes significa que haverá diferentes interpretações dessa propriedade intelectual e também significa que qualquer uma de suas estratégias se tornará uma tentativa de aprimorar essa propriedade intelectual. É claro que uma explicação mais realista pode ser a de que os produtores da Brandywine Productions eram muito indecisos e, por isso, queriam que diferentes diretores tentassem a sorte.
Sequências falsas, spin-offs reais
Alien 3
Não só eu, mas muitas pessoas se sentiram dessa maneira: as sequências de Alien são, em essência, uma continuação do legado de Ripley. Se Sigourney Weaver não continuasse a interpretar Ripley como a personagem principal, as sequências de Alien poderiam existir como spin-offs independentes. Se examinarmos o enredo principal de cada sequência, descobriremos que seu desenvolvimento não depende realmente dos filmes anteriores.
A época e o local de cada história são sempre diferentes dos anteriores, seja centenas de anos depois ou em locais e sistemas sociais totalmente diferentes. Toda vez que Ripley acorda em uma nova sequência, é como se ela tivesse viajado para um universo paralelo. Exceto pelo rosto familiar, tudo é muito confuso tanto para ela quanto para o público: Quem sou eu? Onde estou? O que tenho que fazer? Só quando o Xenomorfo aparece que ela entende seu destino: destruir a criatura alienígena.
Em Alien 3, Ripley até se sacrifica para cumprir esse destino. Carregando a nova geração da Rainha dentro de si, ela decide morrer com ela antes que possa explodir de seu peito. De acordo com Alien: The Archive, a equipe de produção de Alien 3 considerou fazer com que a Rainha explodisse quando Ripley caísse na fornalha, com Ripley usando o restante de sua força para segurá-la até que ambas derretessem na fornalha. Devo dizer, só imaginar essa cena já é incrivelmente intenso. Mas também estou feliz por não terem feito isso no final. De certa forma, sinto que esse tipo de intensidade teria parecido muito perfeito, como se concluíssem a franquia Alien.
Scott ficou confuso com o fato de a Brandywine não ter lhe pedido para dirigir mais sequências de Alien, e ele deve ter gostado do final de Alien 3. No final de Alien: Covenant, quando eu vi o capitão e os dois ajudantes decidirem destruir sua própria nave junto com a nave dos engenheiros que se dirigia à Terra para destruí-la, é impossível não dizer que foi uma homenagem ao final de Alien 3.
Muitas pessoas odeiam Alien 3, mas eu acredito que sua contribuição à franquia Alien supera suas falhas, contribuindo muito para o significado filosófico da franquia. Sem ele, o Alien ainda seria apenas uma “coisa diversa” — algo diferente dos humanos — destinada mais a nos assustar ou ser vencida, em vez de nos fazer refletir sobre nós mesmos.
Muitos fãs criticam que, a partir de Alien 2, as sequências humanizaram demais o Xenomorfo, fazendo com que ele perdesse sua mística original. Eu me sinto da mesma maneira. Ser como os seres humanos significa que pode ser compreendido, e seus padrões e hábitos podem ser resumidos, o que o torna menos assustador. Porém, não posso negar que, embora o Xenomorfo tenha qualidades humanas, ele também pode ter qualidades divinas.
Cada diretor de uma das sequências de Alien estudou os filmes anteriores com atenção. Embora todos sejam diretores com estilos pessoais distintos, eles são, sem exceção, fãs dedicados de Alien. O problema é que os mesmos elementos de terror não podem assustar o público repetidas vezes, então eles precisam se libertar da sombra dos trabalhos anteriores. Para fazer isso, precisam adotar estratégias diferentes das de Scott para fazer novas tentativas, embora isso signifique que correrão o risco de desafiar o público.
Alien 4
Quanto a Alien A Ressurreição... Sinto muito, mas meus pensamentos conservadores estão me impedindo de entender Alien A Ressurreição. No entanto, como me orgulho de ser um fã devotado da franquia Alien, não posso deixar passar.
Como visto na imagem acima, o ser à esquerda é chamado de “Recém-Nascido”. Seu processo de nascimento pode soar um pouco complicado: é uma “coisa” — realmente não consigo encontrar uma palavra adequada para ele —, nascida artificialmente da Rainha Alien quando estava parasitando o corpo clone de Ripley. O Recém-Nascido tem os genes compartilhados da Ripley e da Rainha, mas não é nem Xenomorfo nem humano, e chamá-lo de monstro também não parece correto.
Quando Alien A Ressurreição foi lançado, muitos espectadores criticaram sua atmosfera excessivamente erótica, especialmente a interação entre Ripley e o Recém-Nascido, que era muito ambígua. No entanto, os espectadores que assistiram O Fabuloso Destino de Amélie Poulain podem entender melhor Jean-Pierre Jeunet. Ele é um diretor com muitas ideias criativas. Embora suas ideias às vezes pareçam sem sentido, elas muitas vezes servem a um tema: conexão.
Se retirarmos nossas lentes críticas, descobriremos que Alien A Ressurreição está tentando explorar a mesma questão do início ao fim: como duas espécies completamente diferentes, que relação existe entre os humanos e as criaturas alienígenas?
O charme de Jeunet está em seu esforço de evitar forçar respostas moralistas para o público. Em vez disso, ele prefere criar um espaço que nos permita pensar mais. O Recém-Nascido mata sua mãe biológica, a Rainha, mas mostra uma dependência infantil em relação a Ripley. Ripley o toca, o sente, mas não consegue aceitá-lo de verdade, embora o Recém-Nascido tenha forma e características humanas, assim como os próprios genes de Ripley, ela decide matar o Recém-Nascido, e o rosto dele antes de morrer se parece exatamente com o de uma criança abandonada pela mãe.
Por trás dessa cena aparentemente confusa, há uma série de questões: “O que é ‘maternidade’?”, “O que é ‘humano’?” e “O que é ‘alienígena’?”.
Ripley tem sentimentos maternais pelo Recém-Nascido? Com certeza. Ripley tem sentimentos pela Rainha como uma irmã gêmea? Claro. Ripley está confusa sobre seus sentimentos? Claro que sim. Para Jeunet, essas emoções não podem ser descritas por meio da linguagem; talvez a melhor abordagem seja a mais primitiva: o toque. Assim como desencadeamos nossas reações químicas emocionais ao tocar bebês, animais ou pessoas que amamos, Ripley também busca respostas para seus sentimentos estranhos ao tocar os corpos do Recém-Nascido e da Rainha.
A exploração de Jeunet pode ser descrita como combater fogo com fogo. Através dessas questões desconcertantes e que quebram tabus, ele liberta a franquia Alien das rotinas de filmes de ação, mas, ao mesmo tempo, ele também transforma completamente a criatura alienígena em uma figura de personagem. O Xenomorfo não é mais uma existência transcendente, mas está ligado a emoções, assim como os humanos.
Ainda Alien, mas mais de Romulus

Quase todos os fãs de Alien estão entusiasmados com Alien: Romulus, e eu também.
Porém, não concordo totalmente com a afirmação de que “Romulus é uma abordagem nostálgica de Alien”. De fato, Romulus permite que muitos fãs de Alien revivam o terror puro que vivenciaram ao assistir Alien pela primeira vez, mas essa descrição não é um resumo justo de Romulus.
Embora a história de Romulus se passe entre Alien e Aliens, podemos ver características de quase todos os filmes da franquia Alien em Romulus — seja em termos de cenários, cenas de homenagem ou aspectos ideológicos. O segredo é que Fede Alvarez não tenta continuar a franquia com uma abordagem diferente como os outros diretores das sequências, mas se adapta totalmente à PI de Alien. Ele não tem intenção alguma de gravar a “versão Alien de Alvarez”, mas sim tentar filmar outro Alien que pertença totalmente à franquia Alien.
Caros leitores, vocês podem ter notado que de Alien a Alien A Ressurreição, meu amor pela franquia sempre foi inseparável da retrospectiva histórica. Alien agora tem 45 anos, e quando Alien A Ressurreição foi lançado, eu tinha menos de dois anos. Não importa como analisamos as obras clássicas, nunca conseguiremos sentir as mesmas coisas que o público da época sentiu, mesmo se pudéssemos viajar no tempo. Da mesma forma, independentemente de uma obra ter sido reconhecida na época ou de como gerações posteriores a coloraram em pedestais, ela foi dedicada ao público daquela época, não a nós hoje.
Então, embota o próprio Scott tenha elogiado Alvarez, o público-alvo de Alvarez não é Scott. Não pode ser Scott, nem ninguém da época dele. O público-alvo de Alvarez somos nós, cada jovens de hoje que está começando a perceber a injustiça, o arrependimento e a imperfeição deste mundo. O que todo jovem deseja é transcender seu destino original.
Para atender a esse público-alvo, Alvarez adotou uma estratégia de elenco aparentemente diferente da de diretores anteriores, mas semelhante em essência: um grupo de jovens na base da estrutura de poder social, esmagados pela maré dos tempos, mas ainda querendo viver uma vida decente. A protagonista de Romulus, Rain, sonha em ver o sol novamente, e esse não é apenas o seu sonho, mas o sonho de todos os jovens de nossa era atual que estão decepcionados com a vida e querem ter a esperança outra vez. O apego de Rain à Andy, esse androide ultrapassado, não é apenas uma fantasia sobre a possibilidade de os seres humanos desenvolverem sentimentos pela inteligência artificial, mas nossa incapacidade de abandonar a dependência da família, mesmo quando temos a chance de ser totalmente independentes.
Se Andy, um robô feito de aço e circuitos, pode envelhecer, imagina nossos pais de carne e osso.
O terror em Romulus é, essencialmente, nosso medo de não conseguir transcender. Assim como o Xenomorfo pode se aproximar de nós silenciosamente ou emitir um grito que nos faz tremer, as dificuldades da vida podem nos assombrar em silêncio ou ser ensurdecedoras para nós.
Claro, o charme de Romulus é muito mais do que isso, mas se eu escrever mais, este texto pode ficar tão longo quanto um livro. Muito obrigado por ler este artigo que é quase um monólogo. É que eu realmente amo muito a franquia Alien.
Um brinde a Alvarez,
Como Super Fã da franquia Alien, eu me despeço.
Compartilhe sua opinião!
Seja a primeira pessoa a iniciar uma conversa.